O Estado de São Paulo (Opinião) por Carlos Roma
Sempre que uma nova tecnologia surge, resistências aparecem. No passado, questionava-se a viabilidade dos automóveis. Hoje, acontece o mesmo com os carros elétricos.
Quando os primeiros automóveis surgiram, muitos focaram nos desafios: falta de postos, manutenção difícil e viabilidade do transporte. Mas essas barreiras foram superadas, e os carros revolucionaram a sociedade, impulsionando a economia, aproximando pessoas e estimulando a inovação.
Agora, vivemos algo semelhante com os veículos elétricos. Sua implementação é essencial para frear as mudanças climáticas. Os VEs reduzem as emissões do setor de transportes, responsável por 13% do CO₂ global, além de trazerem benefícios à saúde, economia e qualidade de vida.
Segundo a BloombergNEF, veículos elétricos emitem bem menos CO₂ ao longo da vida útil do que os a combustão, mesmo sem energia 100% limpa. Um carro a gasolina libera, em média, 120 gramas de CO₂ por km, enquanto os elétricos não emitem gases ao rodar. O ICCT Brasil aponta que os modelos a bateria reduzem até 67% as emissões de gases de efeito estufa.
Um estudo da Universidade de Berkeley, na Califórnia, observou queda contínua nas emissões de CO₂ na Baía de São Francisco. Entre 2018 e 2022, a poluição veicular caiu 2,6% ao ano. A região se destaca, pois quase 40% dos novos carros registrados em 2023 eram elétricos.
Se olharmos para os ônibus, um estudo da prefeitura de Porto Alegre mostrou que a eletrificação da frota geraria uma economia de R$ 3,7 bilhões até 2050, apenas com abastecimento, além de reduzir custos com poluição do ar, estimados em R$ 9 bilhões anuais para a saúde pública.
Muitos questionam a autonomia dos elétricos, mas a maioria dos motoristas percorre distâncias diárias bem menores do que esses veículos suportam. No início do século 20, também não havia postos de gasolina suficientes, mas a infraestrutura se adaptou à demanda – o mesmo acontece agora.
Outro ponto comum é a dúvida sobre “pontos de recarga insuficientes”. Se conseguimos construir uma ampla rede de combustíveis, por que não fazer o mesmo com eletricidade, de forma mais eficiente e sustentável?
A produção de baterias gera emissões, mas sua reciclagem avança rapidamente. No Brasil, 88% da eletricidade vem de fontes limpas, tornando os veículos elétricos ainda mais sustentáveis.
Em 2024, foram vendidos 397.789 veículos eletrificados no Brasil, um aumento de 88,83% em relação a 2023.
Em 1908, diziam que os carros eram inviáveis. Hoje, sabemos que estavam errados. O mesmo vale para os elétricos. Não são tendência, mas a solução mais lógica e eficiente.