Estoques de gasolina nos EUA podem elevar preços

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Valor Econômico

O baixo patamar dos estoques de gasolina nos Estados Unidos e as condições que tornam mais lenta a recomposição dessas reservas podem pressionar para cima as cotações do combustível no ano que vem. O período de maio a setembro coincide com a maior demanda no mercado americano, o que pode ajudar a aumentar os preços. Especialistas apontam que o mercado global, por sua vez, poderá vivenciar pressão sobre os preços internacionais da gasolina no primeiro semestre de 2025.

Os estoques de gasolina nos Estados Unidos têm crescido de forma mais lenta que o usual para esta época do ano, conforme dados da Agência de Informações de Energia dos Estados Unidos (EIA, na sigla em inglês). Segundo a EIA, o estoque de gasolina alcançou os 208,927 milhões de barris na semana encerrada em 15 de novembro, 3% abaixo de igual período do ano passado.

Victor Arduin, da Hedgepoint, afirma que entre novembro e março as refinarias americanas costumam direcionar parte da produção para estoques comerciais de modo a garantir o suprimento na época de alta demanda de viagens de carro nos Estados Unidos, entre maio e setembro. Na visão do analista, ainda que as refinarias tenham tempo para preparar suprimentos até a temporada do ano que vem, os estoques baixos podem elevar os preços futuros da gasolina.

“O risco é amplificado por possíveis condições climáticas adversas que, como no início de 2024, podem comprometer a extração de petróleo e forçar o fechamento de refinarias temporariamente”, diz Arduin em relatório.

Conforme Arduin, os preços de varejo nos postos de combustíveis nos EUA estão cerca de 6% mais baixos que em igual período de 2023, de acordo com a EIA, o que estimula a demanda. Essa conjuntura contribui para atrasar a formação de estoques, uma vez que preços mais baixos estimulam o consumo imediato de volumes que poderiam estar sendo destinados à formação de reservas.

“Nesse contexto, os importadores brasileiros de combustíveis podem enfrentar um desafio adicional nos próximos meses”, disse Arduin. “A elevação nos preços da gasolina [no mercado internacional] pode impactar o preço de paridade de importação, já pressionado pela forte desvalorização do real, dificultando ainda mais a obtenção de margens de lucro na importação de combustíveis.”

Segundo Amance Boutin, especialista em combustíveis da Argus, novembro marca a fase da mudança sazonal de recompor estoques nos Estados Unidos, mas, conforme os dados da EIA, os estoques de gasolina alcançaram o menor nível desde 4 de novembro de 2022. O analista reforça que o setor concentra os esforços em se preparar para a temporada de viagens em março e abril.

“O fenômeno de queda nas reservas de gasolina está mais significativo na costa Leste dos Estados Unidos, que está saindo de um período de manutenções de algumas refinarias e de queda das importações vindas da Europa”, afirma Boutin.

“Outro fator que levou à queda dos estoques foi a baixa margem de refino, que chegou a US$ 13,60 por barril entre outubro e o começo de novembro, comparado com US$ 16,90 por barril em igual período de 2023 e US$ 46 por barril em 2022. Esta correção [esperada] do preço e das margens deve levar as empresas a processar mais petróleo ou voltar a comprar gasolina europeia, o que deve aliviar a situação atual”, prevê o analista.

A restrição de oferta nos Estados Unidos pode levar a uma alta nos preços internacionais da gasolina e que pode se refletir no Brasil, fazendo com que refinarias privadas acompanhem a alta dos preços, disse o especialista da Argus.

No caso da Petrobras, o impacto pode ser reduzido por outros fatores da política de preços de combustíveis da estatal. A última vez que a Petrobras fez uma mudança no preço da gasolina foi em 9 de julho, quando aumentou em 7,04%. O diesel foi reajustado pela última vez em 27 de dezembro de 2023, quando reduziu em 7,85%.

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