Reunião ministerial do G20 termina sem plano para corte de combustíveis fósseis

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Folha de São Paulo
A reunião dos ministros da Energia do G20, realizada na cidade de Bombolim, na Índia, neste sábado (22), terminou sem um plano de ação para a redução progressiva do uso de combustíveis fósseis. O impasse se deu devido a objeções de alguns países produtores e por desacordos sobre o plano de triplicar a geração de energia renovável até 2030.
Cientistas e ativistas estão exasperados com a demora das organizações internacionais em tomar medidas para conter o aquecimento global —mesmo com eventos climáticos extremos levando ondas de calor da China aos Estados Unidos e jogando luz sobre a crise climática que o mundo enfrenta.
Somados, os países membros do G20 representam mais de três quartos das emissões globais de carbono e do produto interno bruto mundial. Assim, um esforço conjunto do grupo para descarbonizar a economia é crucial na luta global contra as mudanças climáticas.
A declaração final do encontro das principais potências industrializadas e emergentes nem sequer mencionou o carvão, grande fonte de gases de efeito estufa, agravando o aquecimento global. Esta é uma das principais fontes de energia em muitas economias emergentes, como a Índia, o país mais populoso do mundo, e a China, a segunda maior economia do planeta.
Também não houve consenso sobre insistir para que os países desenvolvidos cumpram o compromisso assumido previamente de mobilizar US$ 100 bilhões por ano para ação climática nas economias em desenvolvimento (que deveria estar em ação desde 2020) e sobre a descrição da guerra na Ucrânia.
A Índia, que presidiu esta reunião do G20, explicou que a proposta de uma redução gradual do uso dos combustíveis fósseis sem restrições, de acordo com as diferentes circunstâncias nacionais, foi discutida no encontro. Entretanto, países tiveram “opiniões diferentes” sobre a efetividade das tecnologias implementadas para alcançar esse objetivo.
O ministro de Energia indiano, R.K. Singh, disse que alguns países queriam usar a captura de carbono em vez de reduzir gradualmente os combustíveis fósseis, mas não mencionou que nações eram essas.
Os principais produtores de combustíveis fósseis, Arábia Saudita, Rússia, China, África do Sul e Indonésia, são conhecidos por se oporem ao objetivo de triplicar a capacidade de energia renovável nesta década.
A partir de 1º de dezembro, o Brasil vai assumir a presidência temporária do G20 e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, vai coordenar o grupo de trabalho setorial.
No final de março, a pasta anunciou planos de escalar a produção nacional e tornar o Brasil o quarto maior produtor mundial de petróleo —hoje é o oitavo. Na ocasião, o ministro se referiu ao petróleo e ao gás como “a riqueza do povo brasileiro que está no subsolo”.
Em seminário realizado nesta semana no encontro do mecanismo bilateral, Silveira falou sobre a experiência do Brasil com biocombustíveis e geração de energia renovável.
(AFP e Reuters)

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