Pressão de preços deve se estender até fevereiro

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Valor Econômico

Ainda que com menos ímpeto, a inflação não deve dar sossego para os brasileiros até fevereiro, segundo o próprio Banco Central (BC). O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de dezembro a fevereiro deve ficar em 1,47%, segundo estimativa da autoridade monetária divulgada ontem. É um ritmo que segue apontando para o IPCA acima da meta de 3,5% para o ano e que em 12 meses implica inflação de 9,9% no início do ano eleitoral.

Vale lembrar que o BC subestimou o comportamento da inflação no último trimestre, com a chamada surpresa inflacionária ficando em 1,4 ponto porcentual acima do previsto para o período. Assim, entre setembro e novembro, período projetado no relatório anterior, o índice oficial de preços ficou em 3,4%.

“A principal contribuição para a surpresa inflacionária no trimestre está relacionada ao preço dos combustíveis, refletindo piora de fatores condicionantes. O real se depreciou e os preços do petróleo e do etanol apresentaram forte elevação”, diz o documento. “As surpresas inflacionárias, todavia, foram disseminadas e estiveram presentes também nos componentes mais associados à inflação subjacente. Em particular, destaca-se a variação de preços dos bens industriais. Por fim, também merecem destaque a maior elevação dos preços de passagem aérea e a alta maior dos preços de alimentos in natura”, completa.

A autoridade também explicou que o recuo projetado da inflação para o período de dezembro a fevereiro considera uma queda nos preços de combustíveis, principalmente em janeiro. “Nesse mês também se espera recuo acentuado dos preços de passagem aérea. Para os demais componentes a projeção é, em geral, de persistência das pressões inflacionárias. Espera-se que os preços de bens industriais continuem avançando em ritmo alto, tendo em vista a continuidade da pressão dos preços ao produtor e de alguns gargalos de oferta”, argumenta.

O BC ressaltou ainda que a inflação de serviços deve se mostrar elevada com o prosseguimento da normalização de alguns preços que ficaram deprimidos por conta da pandemia e do repasse da inflação passada, com forte reajuste nas mensalidades escolares em fevereiro. “Por fim, espera-se alta significativa nas tarifas de transporte público urbano, tendo em vista a alta dos preços dos combustíveis neste ano e a contenção das mesmas em 2020 e 2021, com impacto já nos meses iniciais de 2022.” Para o fechamento do ano eleitoral, o BC estimou que o IPCA ficará em 4,7%, com alta em relação aos 3,7% previstos em setembro.

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