Diversificação das petroleiras deve ganhar impulso em 2022

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Valor Econômico

Enquanto a Petrobras busca um “novo motor de geração de caixa”, para complementar a produção de petróleo a longo prazo, as petroleiras devem se manter ativas na diversificação de portfólio em 2022. O ano que vem tem tudo para ser transformacional para a indústria de óleo e gás, numa intensa movimentação das petroleiras rumo à transição energética, segundo a Wood Mackenzie. Com a recuperação dos preços do petróleo e o aumento da pressão pela redução das emissões, a consultoria espera níveis recordes de investimentos em descarbonização.

Embora a energia eólica e a solar estejam hoje o foco das atenções, a expectativa é que a estratégia das empresas do setor se amplie e passe a incorporar, aos poucos, a captura e armazenamento de carbono e o hidrogênio, por exemplo.

A Wood Mackenzie também acredita que o aumento da pressão – de investidores, governos e sociedade civil – sobre as petroleiras pode forçar os produtores americanos a assumir compromissos de “net zero”, a exemplo das europeias. Estatais também devem ser mais pressionadas por governos, no cumprimento das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs, na sigla em inglês).

As petroleiras europeias vêm liderando o movimento de transição energética, na indústria de óleo e gás, nos últimos anos. Recentemente, no entanto, já foi possível observar uma mudança de postura das gigantes americanas ExxonMobil e Chevron, até então mais à margem do movimento. Pressionadas por acionistas, as duas companhias anunciaram aumentos nos investimentos em baixo carbono nos últimos meses.

Embora as grandes petroleiras tenham incorporado o discurso da sustentabilidade e anunciado esforços na descarbonização, os compromissos da indústria de óleo e gás ainda são insuficientes para manter o aumento da temperatura do planeta abaixo de 2°C, como preconiza o Acordo de Paris, segundo pesquisa da London School of Economics, publicada em outubro na revista Science. O estudo lembra que algumas petroleiras sequer têm metas de redução de carbono definidas e transparência sobre as emissões.

O professor-associado do Programa de Planejamento Energético da COPPE, da Universidade federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Alexandre Szklo, relativa a visão de que as petroleiras globais estão avançadas na transição energética. Ele lembra que parte fundamental das receitas e investimentos das empresas continua atrelada ao óleo e gás e que muitos dos compromissos assumidos se devem mais a imposições regulatórias do que decisões estratégicas em si.

Vale lembrar que, apesar das perspectivas de redução da demanda por petróleo nas próximas décadas, a economia global continuará dependente da commodity por muito tempo. Na semana passada, durante o Congresso Mundial do Petróleo, em Houston (EUA), a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) fez um alerta: a indústria petrolífera precisará investir US$ 11,8 trilhões até 2045 para que o mundo tenha o petróleo necessário para atender a demanda futura, sob riscos à segurança energética.

Heloísa Borges, diretora de Estudos do Petróleo, Gás e Biocombustíveis da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), por sua vez, destaca que a transição energética não será linear, nem exigirá as mesmas estratégias das empresas e países. “Não existe uma fórmula mágica”, disse, em evento recente.

Um exemplo das diferentes visões estratégicas que norteiam a geopolítica da transição energética é a aposta da China em petroquímica. A expectativa é que, com a redução do consumo mundial de gasolina nas próximas décadas, haverá sobra de nafta – usada na produção do combustível.

“As estatais chinesas estão bem posicionadas, com refinarias integradas à petroquímica. Porque é a China quem investe em celulares, veículos elétricos, baterias, painéis solares… Vários dos equipamentos que sustentarão a transição energética demandam produtos petroquímicos”, explicou Szklo.

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