Fonte: Valor Econômico
O crescimento de 13,7% da produção de petróleo e gás natural da Petrobras no quarto trimestre de 2019, ante igual período do ano anterior, para 3,025 milhões de barris de óleo equivalente diários (BOE/dia) deve impulsionar o resultado da petroleira nos últimos três meses do ano passado, que será divulgado hoje, após o fechamento do mercado. A última linha do balanço também deve ser afetada positivamente por vendas de ativos concluídas no período e pela reversão de provisão de R$ 1,3 bilhão. Esse valor é referente a uma sentença favorável obtida pela Petrobras em arbitragem contra a empresa de sondas em recuperação judicial Sete Brasil.
Média elaborada pelo Valor com base em estimativas colhidas de seis casas de análise (Morgan Stanley, Goldman Sachs, Credit Suisse, Santander, Safra e BTG Pactual) indicou lucro líquido da ordem de R$ 9,3 bilhões entre outubro e dezembro de 2019, montante mais de quatro vezes superior ao apurado em igual período do ano anterior. Na mesma comparação, as projeções apontam para queda da receita líquida, da ordem de 12%, para cerca de R$ 86 bilhões, e crescimento em torno de 12% do Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), para número na casa dos R$ 36 bilhões.
Com relação à produção, o Credit Suisse calcula que o aumento de 6,6%, ou 130 mil barris diários de óleo extraídos pela Petrobras, no quarto trimestre, ante o trimestre exatamente anterior pode adicionar US$ 600 milhões ao Ebitda da empresa no período. Mesmo com um preço do petróleo relativamente estável (aumento de 1% ante o terceiro trimestre), uma melhora nos preços domésticos da gasolina e diesel também pode acrescentar US$ 350 milhões ao Ebitda dos últimos três meses do ano, na visão do banco.
Esperamos um forte conjunto de resultados devido ao aumento da produção. Também é uma boa amostra de resultados da Petrobras com o Brent na faixa de US$ 60 a US$ 65 [o barril], destaca o Credit Suisse, em relatório.
A Petrobras deve se beneficiar de uma maior produção no quarto trimestre de 2019, acrescenta o J.P. Morgan, em relatório.
O Goldman Sachs, que trabalha com crescimento de 5% da produção da Petrobras entre 2019 e 2021, destacou que, em novembro, a petroleira colocou em operação a plataforma P-68, no campo de Berbigão, no pré-sal da Bacia de Santos. A Petrobras foi capaz de colocar em operação oito novos sistemas de produção em menos de 24 meses, pela primeira vez, ajudando a companhia a alcançar novo recorde diário de produção em dezembro, lembrou o banco, em relatório.
Os indicadores operacionais da petroleira no último trimestre de 2019 também chamaram a atenção do Safra. Em relatório, o banco vê perspectivas de sólidos crescimento da produção e de geração de caixa da empresa.
O resultado previsto para o quarto trimestre da Petrobras, somado ao lucro acumulado da petroleira nos primeiros nove meses do ano passado (de R$ 32 bilhões), deve levar a companhia a registrar um número positivo para o ano de 2019 ao redor de R$ 40 bilhões, cerca de 60% maior que em 2018 e consolidando o segundo ano consecutivo de resultado positivo, após quatro anos de perdas.
O Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis Zé Eduardo Dutra (Ineep), porém, ressalta que o resultado esperado da Petrobras em 2019 é, em boa medida, influenciado por receitas não recorrentes de venda de ativos que totalizam R$ 44,5 bilhões. Entre os ativos vendidos, destacaram-se a TAG, a BR Distribuidora e campos maduros na Bacia de Campos, afirmou a instituição.
O Ineep lembra ainda que o resultado esperado para 2019 somente será alcançado se os gastos relativos ao pagamento de bônus de assinatura na aquisição dos blocos arrematados nos leilões do ano passado, de cerca de R$ 35 bilhões após descontado o valor que a companhia recebeu da União pela revisão do acordo da cessão onerosa, não impactarem as despesas da empresa. Mas, na avaliação do instituto, como as despesas com bônus de assinatura são lançadas como ativos e depreciadas ao longo do tempo, a partir da comprovação da viabilidade técnica e comercial da produção de óleo e gás nas áreas leiloadas, estas não deverão afetar os gastos da companhia. (Colaboraram Letícia Fucuchima, Rita Azevedo e Stella Fontes, de São Paulo)