Fonte: O Globo
Rapidez, praticidade, produtos de qualidade vendidos em um ambiente diferenciado. Esse é o conceito do mercado de conveniência, que vem crescendo a olhos vistos e conquistando clientes pelo Brasil. Não por acaso, o segmento tornou-se uma boa opção de negócio para quem quer atuar no varejo físico e também virtual.
Os clientes de lojas de conveniência buscam facilidade e rapidez no atendimento e na compra. Em geral, são pessoas que, por algum motivo, não tiveram tempo de ir ao mercado e preferem comprar em uma loja prática, pequena e dinâmica. São estabelecimentos que apostam num clima mais intimista.
A ideia é oferecer uma boa variedade de produtos e serviços, de maneira que possam atender a todas as necessidades dos consumidores. Os principais produtos vendidos nessas lojas são fast food, como sanduíches, pizzas, massas prontas, lanches naturais, bebidas, salgados, doces, pratos congelados, sorvetes, cigarros e até materiais de higiene e de limpeza. Muitas lojas possuem até 700 itens para a venda e podem oferecer serviços de lan-house, banco 24 horas, revistaria, tabacaria e espaço para relaxamento.
O funcionamento 24 horas, sete dias na semana, é requisito básico para o sucesso do negócio e diferenciação da concorrência. E engana-se quem pensa que essas lojas só estão situadas em postos de gasolina. Tem muito empreendedor se beneficiando do conceito de conveniência para montar estabelecimentos na rua, em bairros residenciais e comerciais.
EXPRESS JAPONÊS
É o caso da Hirota Food Express, inspirada no modelo de conveniência japonês chamado Konbini, que são lojas pequenas, com 150 a 300 metros quadrados, localizadas em regiões com grande fluxo de pessoas em áreas centrais. Em Tóquio há 4 mil lojas no formato Konbini. Na capital paulista são, por enquanto, 15 unidades próprias em operação e outras quatro em obras para serem inauguradas ainda esse ano. “Em nossa loja, o consumidor pode encontrar de tudo e uma grande oferta de pratos prontos e saudáveis. Nosso pilar de diferenciação são os produtos orientais”, ressalta o diretor da rede, Hélio Freddi Filho.
Lançada no fim de 2016, a primeira loja Hirota Food Express exigiu investimentos de R$ 800 mil. O retorno do capital deve acontecer em três anos, afirma Hélio. Ele prefere não revelar o faturamento de cada unidade, mas diz que, em média, a receita fica em torno de R$ 3.500 por metro quadrado de loja. O tamanho dos estabelecimentos varia de 100 a 220 metros quadrados. A margem de lucro é de cerca de 6%.
Já o Alô Madruga, criada em 2011, apostou na conveniência virtual. O fundador do negócio, Leon Henrique Schaefer, fez uma ampla pesquisa na época para entender as necessidades dos consumidores. Concluiu que havia uma carência no Rio do que chama de “delivery de conveniência”, como a entrega de bebidas geladas e lanches em horários na madrugada.
Para abrir o negócio, Leon investiu R$ 30 mil, aplicados na compra de estoque inicial, aluguel de espaço para armazenar produtos, e na contratação de um motoboy. O retorno do investimento veio em seis meses. A marca cresceu e hoje conta também com lojas físicas em Ipanema e na Barra.
A empresa faz 8 mil entregas por mês, cerca de 260 por dia. Cerca de 80% dos pedidos dos clientes são feitos pelo site. O tíquete médio é de R$ 65. O faturamento anual beira os R$ 6 milhões. A margem de lucro é de 15%. O crescimento da empresa motivou Leo a ingressar no ramo de franquia. “Estamos estruturando e profissionalizando a marca para entrar no franchising”, diz.
REDE LICENCIADA
A Aghora Conveniência tem 45 lojas espalhadas em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pará, Piauí e Rio Grande do Sul. A estratégia da marca inclui estabelecimentos dentro e fora de postos de gasolina. Lançada em 2006, a rede optou pelo modelo de licenciamento da marca.
“Trata-se de um formato descomplicado, que confere maior autonomia, flexibilidade e tem como principal vantagem a não cobrança de royalties sobre o faturamento bruto. O licenciado arca apenas com o pagamento de uma mensalidade fixa, bem menos onerosa do que o modelo de franquia”, explicou o diretor comercial Charles Monteiro.
O investimento inicial para abrir um negócio da marca é de R$ 90 mil. O prazo de retorno do investimento é 24 meses. O faturamento de cada loja licenciada é de cerca de R$ 80 mil, com margem de lucro de 30%.
SETOR FATURA R$ 7,2 BILHÕES POR ANO
As lojas de conveniência são a joia de ouro do varejo, segundo pesquisa mais recente do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom), divulgada no ano passado. Em 2016, o setor de conveniência registrou expansão de 6,2%, com faturamento de R$ 7,2 bilhões. O tíquete médio das lojas avançou 7,3%, alcançando R$ 11,91. Houve aumento de 3,3% do número de transações no canal, e a venda média por loja cresceu 5,3%.
Ainda de acordo com o levantamento, as classes média e alta são o principal público consumidor no setor de conveniência. As duas representam 97% do faturamento dos estabelecimentos. O estudo mostrou também que as lojas de conveniência são um bom negócio para os postos de gasolina, pois em geral elevam em torno de 20% as vendas de combustíveis. O potencial de crescimento do setor é imenso: o país conta com mais de 40 mil postos de combustíveis, ao passo que o número de lojas de conveniência é de cerca de 7 mil.