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Fonte: O Estado de S. Paulo

Segundo a consultoria francesa Enerdata, em apenas vinte anos os gastos globais com energia mais que duplicaram: em 1990, eram de aproximadamente 2,7 trilhões de dólares, e em 2010 ultrapassaram os 6,4 trilhões – maior que o PIB do Japão, que é de cerca de US$ 5 trilhões. Junto com a saúde e a alimentação, é uma das principais necessidades da civilização moderna e, com nossa dependência crescente em relação à tecnologia, o uso eficiente de fontes energéticas e o desenvolvimento de equipamentos para produzir, armazenar e distribuir energia tornou-se absolutamente crítico. A companhia inglesa British Petroleum, em relatório publicado em julho de 2016, divulgou sua estimativa a respeito da participação que diferentes fontes energéticas possuem no consumo mundial. O petróleo, sozinho, responde por um terço do total, seguido pelo carvão (29%) e gás natural (24%) – ou seja, juntas estas três fontes são responsáveis por mais de 85% do nosso uso da energia. O restante está distribuído entre hídrica (7%), nuclear (4%) e renováveis (3%) – como solar, eólica e geotérmica.

O Departamento de Energia dos EUA, através de sua agência de informações (EIA – Energy Information Administration) projeta que o consumo de energia global irá crescer quase 30% entre 2015 e 2040, em grande parte devido ao contínuo desenvolvimento econômico de países como Índia e China. Para atender a demanda necessária, a agência estima que fontes renováveis de energia irão ampliar sua participação na matriz energética mundial, aumentando cerca de 2,3% ao ano no mesmo período. A segunda fonte que deve experimentar o maior crescimento será a nuclear, crescendo a um ritmo de 1,5% ao ano. Apesar disso, combustíveis fósseis ainda devem ser responsáveis por 75% de nosso consumo de energia em 2040.

As mudanças no perfil da atividade econômica global, onde a mão-de-obra vem se deslocando do setor industrial para o setor de serviços, também afeta o perfil energético das nações. A "intensidade energética" mede a relação entre energia e PIB, e segundo relatório publicado pela empresa de consultoria McKinsey no final de 2016 essa medida de eficiência segue apresentando melhorias: em 2015, por exemplo, a produção de uma unidade de PIB global exigia quase um terço a menos de energia que em 1990. De acordo com o mesmo relatório, em 2050 será necessário metade da energia utilizada em 2013 para gerar cada unidade do PIB mundial.

A Agência Internacional de Energia (IEA - International Energy Agency), formada em 1974 na esteira da Crise do Petróleo, hoje possui 29 países-membros e procura atuar tanto em questões energéticas quanto ambientais, uma vez que torna-se progressivamente mais complexo separar ambas. Em um de seus relatórios, a agência constatou que em 2016 apenas 18% da energia global foi utilizada na forma de eletricidade, enquanto os 82% restantes foram utilizados em meios de transporte e sistemas de aquecimento. Apesar da eficiência energética dos eletroeletrônicos seguir melhorando, as perspectivas de aumento expressivo na demanda de energia elétrica para as próximas décadas são claras: a expansão dos carros elétricos e o desenvolvimento de sistemas de aquecimento elétricos irão reduzir a demanda por combustíveis.

A consultoria Wood Mackenzie, baseada em Edimburgo, Escócia, estima que a demanda global por gasolina deve atingir seu patamar máximo em 2030, perdendo espaço gradualmente à medida em que a frota de carros elétricos aumente e que os motores de combustão interna tornem-se mais eficientes, reduzindo o consumo de combustível. Além disso, países como Alemanha, Reino Unido, França, Noruega e Índia já estabeleceram cronogramas para encerrar a venda de carros movidos a combustíveis fósseis nas próximas duas décadas. Medidas como essas, aliadas à conscientização global sobre a necessidade de sistemas energéticos eficientes, limpos e seguros para o meio ambiente coexistem com uma demanda por mais energia para carregar as baterias de nossos telefones, laptops, tablets e em breve de nossos carros e geradores domésticos. O uso da tecnologia para viabilizar esta realidade é nosso tema para semana que vem. Até lá.

Guy Perelmuter - Fundador da GRIDS Capital, é Engenheiro de Computação e Mestre em Inteligência Artificial

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