Fonte: Valor Econômico
A BR Distribuidora espera recuperar volume de vendas e de participação no mercado de distribuição de combustíveis em 2018. Segundo o diretor executivo de Rede de Postos da empresa, Marcelo Bragança, o crescimento deve ser possibilitado com o incremento do número de postos em 2017.
“Esperamos, com a maturação dos postos que adicionamos, que esses volumes se recuperem em 2018, com recuperação de ‘market share’”, disse ontem o diretor, em teleconferência com analistas e investidores sobre os resultados do quarto trimestre e do ano de 2017.
No ano passado, a BR Distribuidora teve um aumento líquido da rede de postos de 269 unidades, com maior concentração nos últimos meses de 2017.
Outro fator que deve favorecer as vendas da companhia, segundo o diretor executivo de Operação e Logística da BR, Alípio Ferreira Pinto Junior, é a tendência de redução do volume de importação de combustíveis, devido ao aperfeiçoamento da política de preços de combustíveis da Petrobras, de margens mais estreitas em relação à paridade de importação.
Alípio explicou que, quando ocorre um volume maior de importação, há também um crescimento da participação dos postos de bandeira branca no mercado de distribuição de combustíveis. “O mercado com menor volume de importações é melhor para as distribuidoras estruturadas”, contou.
“O comportamento que se espera do mercado é que haja em 2018 um volume de importações mais reduzido e um mercado mais organizado”, completou o diretor.
Na mesma linha, o presidente da BR Distribuidora, Ivan de Sá, afirmou que, com a atual política de preços da Petrobras, com reajustes diários, o volume de importação “está bem mais reduzido”.
No ano passado, o volume de vendas da BR Distribuidora recuou 5,7%, ante 2016, totalizando 43,2 bilhões de litros. Na rede de postos, as vendas recuaram 4,4%, segundo Bragança, devido à manutenção da política de preservação das margens de comercialização. Na área de grandes consumidores, a queda de 5,1% das vendas foi provocada pela retração das vendas de óleo diesel principalmente para térmicas.
Mesmo com a queda das vendas, e a consequente retração de 2,4% da receita líquida em 2017, para R$ 84,6 bilhões, o lucro líquido da BR Distribuidora alcançou R$ 1,151 bilhão, revertendo prejuízo de R$ 315 milhões apurado no ano anterior.
Com relação ao quarto trimestre do ano passado, o resultado (lucro de R$ 531 milhões, mais de dez vezes superior ao apurado em igual período de 2016) superou a expectativa dos analistas.
Na avaliação do BTG Pactual, em relatório sobre o assunto, a BR Distribuidora reportou um resultado “forte” referente ao quarto trimestre de 2017, mas impulsionado por itens não recorrentes, como menores impostos e despesa financeiras.
O Credit Suisse também destacou, em relatório, que o resultado foi impulsionado por itens não recorrentes, como ganhos com estoques, que impactaram o custo de produtos vendidos em R$ 400 milhões no trimestre, reversão de provisões, e impostos menores do que o esperado.
Apesar do aumento de 9,6% da receita líquida da companhia no quarto trimestre de 2017, na comparação com igual período do ano passado, a BR registrou uma queda de 0,1% em seu lucro bruto por conta da queda de 0,5% no volume de vendas, para 11 milhões metros cúbicos. Com isto, a margem bruta recuou 0,7 ponto percentual, para 7,8%.
Outro ponto que chamou a atenção no resultado da BR foi a proposta do conselho de administração de distribuição de juros sobre capital próprio e dividendos no total de R$ 1,092 bilhão, ou R$ 0,94 por ação. O montante equivale a 95% do lucro líquido apurado em 2017.
O diretor Financeiro e de Relações com Investidores da BR, Rafael Grisolia, disse que a companhia deve manter política de pagamento de dividendos “forte”. Sobre o endividamento, ele sinalizou que a empresa deve manter o nível obtido no fim de 2017, de 1,3 vez a dívida líquida sobre o Ebitda.