Petrobras pode ter que vender Liquigás a um preço menor

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Fonte: O Globo

A decisão do Cade, responsável pela concorrência no Brasil, de reprovar a compra da Liquigás, uma subsidiária da Petrobras, pela Ultragaz criou um ambiente ruim para a estatal. De acordo com especialistas do mercado, a companhia pode ter problemas em alcançar sua meta de desinvestimento prevista para o biênio 2017-2018, de US$ 21 bilhões. Isso porque dificilmente a Petrobras vai conseguir revender sua subsidiária responsável por comercializar o gás de botijão (Gás Liquefeito de Petróleo, o GLP) pelo preço de R$ 2,8 bilhões que foi oferecido pela Ultragaz.
Uma fonte do mercado lembra que, quando a Petrobras iniciou o processo de venda da Liquigás no fim de 2016, empresas estrangeiras do setor de GLP do Chile, Turquia e Inglaterra mostraram interesse em comprar a Liquigás, mas as propostas ficaram um pouco acima de R$ 1 bilhão.
- Quando você compara os preços oferecidos pelas empresas brasileiras, como a Ultragaz, o valor foi bem superior, pois essas companhias colocam no negócio os ganhos que terão com as sinergias do mercado. Na ocasião do processo de venda, o consórcio formado pela SupergasBras e a Fogás (que atua em Amazonas, Rondônia, Acre, Roraima, Pará e Amapá) também ficou perto de R$ 2,5 bilhões. Por isso, as estrangeiras saíram do negócio, pois o preço ficou muito acima - disse essa fonte.
Segundo uma outra fonte ligada às empresas estrangeiras, a expectativa é que essas companhias do exterior façam uma nova proposta, assim que a Petrobras lançar uma nova proposta de venda, chamada de teaser. Segundo ele, a tendência é oferecer um preço em torno de seis vezes a geração de caixa operacional, medida pelo Ebitda. Como comparação, a Ultragaz ofertou 12 vezes o Ebitda. Com isso, o valor da compra, com base nas propostas, seria de R$ 1,2 bilhão.
- As estrangeiras passam a ser o principal alvo da Liguigás agora, já que o Cade recomendou que, caso a Petrobras decida vender a Liquigás a outra empresa, o cenário ideal seria que a compradora tivesse menos de 10% do mercado atual no Brasil. Por isso, ressaltam, sobram poucas opções de companhias, que não teriam hoje recursos em caixa para fazer uma aquisição desse porte - destacou a fonte.
De acordo com dados do Sindigás, que reúne dados do setor, as empresas com menos de 10% do mercado são apenas a Copagaz, com 8,36% e atuação de São Paulo, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Depois, aparecem Fogás (1,70%) e Amazongás (0,79%). Caso o negócio fosse aprovado pelo Cade, Liquigás e Ultragaz irão consolidar sua posição de liderança no segmento de GLP. A líder do mercado hoje é Ultragaz (com 23,58%), seguida de Liquigás (21,66%). Em terceiro está a Supergasbras (20,15%).
- A recusa do Cade cria, de certa forma, uma insegurança para os investidores. A Ultragas já pagou um valor muito acima do mercado por 100% de uma empresa. E no acordo com o Cade a empresa tinha oferecido revender 50% da Liquigás, o que certamente iria ocorrer por um valor menor do que pagou. Por isso, a decisão do Cade está sendo vista pelo mercado como intransigente. Isso é um mal sinal para a venda dos próximos ativos da Petrobras, como as refinarias - destacou outra fonte.
Em nota, a Petrobras disse que vai analisar "imediatamente alternativas para o desinvestimento da Liquigás, que permanece no programa de parcerias e desinvestimentos da Petrobras conforme seu plano estratégico, que visa otimizar o portfólio de negócios, com foco em óleo e gás, saindo integralmente das atividades de distribuição de GLP".
O Ultra informou que "sempre teve convicção de que a união dessas duas empresas permitiria ampliar e aprimorar os serviços de excelência que a Ultragaz presta a seus clientes e consumidores, e contribuiria para o aumento do dinamismo do setor de distribuição de GLP no Brasil. Ao longo desses 15 meses, a companhia buscou apresentar soluções operacionais, comerciais e societárias que endereçassem todas as questões e preocupações concorrenciais levantadas durante o processo. Nesse sentido, a proposição final previa o desinvestimento de cerca de 45% do volume de GLP distribuído pela Liquigás e dos ativos logísticos correspondentes, aí incluídos 100% de sua operação de propelentes (aerossóis). Um sólido e minucioso plano de operacionalização integrava essa proposição".

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