Fonte: Valor Online
Os investimentos da Petrobras caíram pelo quarto ano seguido em 2017, para US$ 14 bilhões, mas tendem a voltar a crescer este ano. Ao todo, são previstos aportes de US$ 17,3 bilhões para 2018, o que representa um avanço de 23,5% frente ao ano passado.
Em 2017, o montante investido pela companhia caiu 12,5% e ficou abaixo do orçamento planejado. Os números foram apresentados, ontem, pelo presidente Pedro Parente, durante participação do executivo em conferência sobre a economia do petróleo, na Fundação Getúlio Vargas, no Rio.
Inicialmente, a Petrobras previa investir US$ 20 bilhões em 2017, mas ao longo do ano foi cortando as projeções. Na divulgação dos resultados do terceiro trimestre, a estatal já havia reduzido as estimativas para US$ 16 bilhões, em função de postergações na construção de algumas plataformas e do gasoduto Rota 3, entre outros fatores.
Dos US$ 14 bilhões investidos em 2017, US$ 11 bilhões (81%) foram aplicados na área de exploração e produção, com foco no pré-sal, e outros US$ 3 bilhões em refino e gás natural.
Parente disse, contudo, que apesar dos avanços obtidos com a venda de ativos, redução de custos e otimização dos investimentos, a situação financeira da Petrobras ainda não está resolvida.
"Se olharmos os números para o terceiro trimestre [de 2017], a empresa ainda tem dívida de US$ 87 bilhões, US$ 88 bilhões. Ninguém pode olhar para uma dívida dessas e achar que a situação da empresa está resolvida", disse.
O executivo, contudo, destacou a redução da dívida nos últimos trimestres e afirmou que o nível de endividamento da petroleira estará "saudável", em 2022. "O que vemos claramente é que ela [dívida] já se reduziu bastante e, no horizonte do plano [de negócios 2018-2022], ela vai chegar em 2022 a um nível saudável, comparável com as melhores companhias de óleo e gás do mundo", afirmou.
A empresa tem meta de reduzir sua alavancagem, medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) em 2,5 vezes. Ao fim do terceiro trimestre, esse patamar era de 3,2 vezes.
Parente comentou também sobre as conversas com a Eletrobras para negociação da dívida detida pela estatal elétrica com a petroleira, no valor de R$ 20 bilhões. Segundo ele, o acordo está "bem encaminhado, mas não fechado".
"Como disse na minha carta ao presidente da Eletrobras [Wilson Ferreira Jr.], nós queremos continuar trabalhando para achar uma boa solução para os dois lados. Precisamos acordar o que fazer com uma dívida de R$ 20 bilhões, afirmou Parente, sem dar detalhes.
Desse montante, uma parte já faz parte de contrato de confissão de dívida da Eletrobras, pelo qual a empresa está pagando parceladamente. Outra parte está em aberto e depende de uma parcela que está sob discussão com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), relativa ao responsável pela dívida.
Na terça-feira, a Aneel autorizou a desverticalização da Amazonas Energia, segregando as atividades de geração e transmissão das de distribuição. A efetivação da operação, porém, depende ainda da cessão do contrato de fornecimento de gás natural da Petrobras, detido pela Amazonas Distribuição, para a Amazonas Geração e Transmissão. Essa cessão só deverá ocorrer após as duas estatais chegarem a um acordo para a dívida.