Plano da Petrobras avança com anúncio para fechar fábricas

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Fonte: A Tarde

Como parte do plano de desinvestimentos da Petrobras – a meta é alcançar US$ 21 milhões com a venda de ativos e encerramento de operações em 2018 –, a companhia anunciou oficialmente nesta terça-feira, 20, para o mercado local, o fechamento das duas fábricas de fertilizantes nitrogenados (Fafen) na Bahia e Sergipe.
A Petrobras, entretanto, prefere chamar o encerramento das atividades de “hibernação”, já que será dada continuidade à manutenção dos equipamentos.
No caso da Fafen baiana, a decisão ganha um peso ainda maior na história da industrialização estadual, já que a unidade foi a primeira fábrica a ser implantada no Polo Industrial de Camaçari, desde a fundação como Polo Petroquímico, em 1971. Daí o fato de ser conhecida como a “semente do Polo”.
Matéria-prima
A Fafen é responsável na Bahia pela produção anual de 474 mil toneladas de ureia, 474 mil toneladas de amônia e 60 mil toneladas de gás carbônico, além de produzir o agente redutor líquido automotivo (Arla 32). A previsão agora é que a unidade só se mantenha em funcionamento até o final deste semestre.
As empresas do Polo já vinham se preparando para perder o abastecimento das matérias-primas.
Muitas delas conseguiram preços mais vantajosos no mercado externo. Hoje, a amônia é necessária, por exemplo, para a produção da Oxiteno, Acrinor, Proquigel, IPC do Nordeste e PVC.
Resistir a mais uma medida polêmica é única saída (Foto: Wandaick Costa l Sindipetro l Divulgação
Prejuízos
Já a ureia é utilizada na Heringer, Fertpar, Yara, Masaic, Cibrafértil, Usiquímica e Adubos Araguaia. O gás carbônico, por sua vez, na Carbonor, IPC e White Martins.
Segundo a direção da Petrobras, a decisão de encerrar as atividades da Fafen se deve às perspectivas de perdas, tendo gerado prejuízo de R$ 600 milhões, sendo R$ 200 milhões na Bahia. “É uma tendência irreversível porque as unidades não conseguem competir com os preços dos fabricantes do Oriente Médio, Rússia e África, além de a localização ser ruim”, explicou o diretor de refino e gás natural da Petrobras, Jorge Celestino.
“Não faz parte do core business (núcleo do negócio) da Petrobras”, completou o diretor.
No caso da unidade baiana, a estatal afirma ter implementado ações nos últimos anos para otimização de custos, aumento de produtividade e melhoria de desempenho operacional, “mas o resultado continuou abaixo do esperado e o cenário indica resultados negativos para os próximos anos”, frisou em nota.
Foi feita uma avaliação do valor recuperável das duas plantas. “Em função disso, o resultado apresenta provisão para perda (impairment) com as fábricas de fertilizantes de R$ 1,3 bilhão”.
Empregos
De acordo com a Petrobras, os atuais 275 empregados próprios da unidade baiana serão realocados para outras unidades.
Já o sindicato dos trabalhadores (Sindipetro) denuncia a eliminação de 700 postos diretos relacionados às atividades da empresa, além do impacto em toda a cadeia produtiva do setor.
Conforme divulgado por A TARDE, na edição impressa desta terça, petroleiros, parlamentares, empresários, agricultores e comerciantes da região, que estão preocupados com os efeitos da desativação da planta, participaram de audiência pública na Câmara Municipal de Camaçari para discutir os impactos.
Outra audiência está agendada para quinta, 22, na Câmara de Dias D’Ávila. Os funcionários da companhia também vêm fazendo assembleias para discutir o assunto, alegando não entender a decisão, já que a operação faz com que o país passe a importar os produtos.
Os cidadãos organizados para deter o desmonte da Fafen consideram que a medida faz parte da série de ações de um golpe de Estado a partir da deposição da presidente Dilma em 2016.

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